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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Diário de uma professora mãe!

Olha, nunca imaginei que ser mãe fosse uma tarefa tão árdua e ao mesmo tempo tão prazerosa e gratificante.
Estou em casa sem trabalhar desde dezembro, e desde então, tenho exercido tarefa de professora e mãe 24 horas por dia.


Pra quem é professora há mais tempo do que mãe entenderá o que estou dizendo. No meu caso, são 10 anos de profissão e 1 ano e 3 meses de mãe.
Posso dizer que a Pâmela profissional teve suas fases como professora. Fases estas que tive olhares diferenciados para as crianças, no tratar e no entender o universo infantil, compreender o seu "mundo interior", respeitar ainda mais seus limites e desenvolvimentos. As fases? Quais são elas??

1º.  A fase principiante e inexperiente, jovem e solteira: atuava como auxiliar e via as crianças como engraçadas, espertas. A cada tombo me desesperava, não conseguia transmitir calma às crianças, me desesperava junto delas. Tudo o que faziam era engraçado e por muitas vezes não contive o riso, quando deveria chamar a atenção.

2º.  A fase "aplicando o que aprendi", ainda jovem e solteira: fazendo faculdade, tudo o que aprendia procurava aplicar, até as teorias mais impossíveis eu dava o meu "jeitinho à brasileira" e aplicava. Já não me desesperava quando alguém se acidentava, conseguia mostrar as crianças que acidentes acontecem e, ressaltar que devemos ter atenção em tudo o que fazemos. Essa parte de cuidado e atenção pude sentir na pele; pois num descuido, por não ter guardado uma pequenina peça de encaixe da sala, eu mesma fui a vitima. Cai com um bolo de aniversário de um aluno. Como eu não sei, mas o bolo ficou intacto, sem arranhões e trincas. Já eu, me esborrachei no chão! Fiquei uma semana com gesso no braço, de licença e fazendo fisioterapia por um mês. Já conseguia compreender melhor o desenvolvimento da criança, procurava ser amiga delas, isso as fazia confiar mais e mais em mim, me tornei a melhor amiga da sala.

3º.  A fase experiente, mas em processo de aprendizagem constante: nessa época, foi quando me casei. Comecei a ver a criança diferente, não sei se quando casamos brota um "quesinho" maternal, mas mudamos nossa concepção e forma de lidar com os alunos.

Nas outras fases, respeitava as crianças, resolvia os conflitos pacificamente com eles e os amava muito, sentia muita falta quando eles faltavam, não esperava passar o dia para saber o porquê havia faltado. Mas depois que casei, parece que o "extinto maternal" começou a brotar, e comecei a imaginá-los como se fossem meus filhos, como eu lidaria com as situações se fosse mãe deles. Procurei estreitar o relacionamento com os pais, com objetivo de colaborar com as dificuldades do aluno fora da sala de aula, procurando resolver todos os problemas e proporcionando bem-estar entre pais e filhos, pais e professora e alunos e professora.

Não me gabo do que já fiz, mas sempre tive o amor incondicional dos meus alunos, como se fosse aquela tia preferida que faz os gostos e entende a criança. Fazia meu trabalho de coração, me dedicava totalmente a eles, sempre pensando no reflexo que isso pode gerar no futuro.

4ª.  A fase que engravidei e comecei a pensar como mãe: essa foi "a fase", pois, meu olhar para os alunos mudou completamente, é como se todos fizessem parte de mim, nos envolvemos tanto a ponto de crianças chorarem emocionadas no final do ano letivo, dizendo que sentiria muito a minha falta, trocarmos telefones, pois, queriam me visitar e ligar para matas as saudades nas férias.

Tudo isso é realmente recompensador!

5ª.  A fase em que me tornei mãe: quando engravidei, estive muito segura de meu desempenho como mãe, como educadora dentro de casa, mas não imaginei como isso mexeria com meu emocional. É simplesmente inexplicável. Só quem é mãe sente! Vi meus alunos e os tratava como se fosse meu pequeno e indefeso bebê. Todo o cuidado que tinha com eles, parecia pouco, ficava por tempos no portão passando o relatório aos pais, coisa que não fazia antes. Procurava saber o porquê estava chorando, não comendo ou faltando da escola; se estava com alguma dificuldade, passava horas sentada com eles para sanar uma dificuldade, mesmo que essa fosse como pegar corretamente o lápis, ou o movimento correto da letra A.

Isso me fez ser "amada" pelos pais, pois, a cada dia, viam como seus filhos se desenvolviam e tinham prazer em estar na escola.

Nessas duas últimas fases, foram as que mais me envolvi com as crianças, e as quais sofri no findar do ano letivo, por não querer deixá-los. Numa dessas turmas, tive um aluno que tinha muita dificuldade em aprender. Era uma turma de Jardim II, 5 anos, e no final do segundo semestre, observei que mesmo conseguindo fazer o movimento correto de todo o alfabeto, ele não conseguia nomeá-los aleatoriamente.

Chamei a mãe desse aluno, e disse que faria um reforço com ele, no horário de aula mesmo e que me ajudasse em casa, pois seria extremamente importante essa ajuda dela em casa. Ela concordou, agradeceu a ajuda e percebemos certa melhora na criança.

Minha coordenadora chegou para mim e falou: "Porque você não fala para ela mandá-lo de manhã e eu dou o reforço para ele?" e eu respondi: "Porque se eu posso fazer hoje, ensiná-lo e corrigir meus próprios erros como educadora, não os quero delegar para você! Lá na frente, ele pode ter dificuldade para aprender, mas eu nunca vou me arrepender de ter tentado, mesmo sem sucesso, eu tentei! Às vezes é muito mais fácil passarmos o problema para outra pessoa e tirarmos o 'nosso da reta', mas se eu quiser mudar a educação, precisa começar de mim esse pensamento, de que eu tenho que tentar, mesmo sem obter sucesso, mas preciso apostar todas as minhas fichas e dizer: eu tentei e consegui ou não consegui".

Hoje, como mãe, percebo quanto é difícil exercer as duas tarefas ao mesmo tempo: Mãe e Educadora. Quando se é só professora, você consegue pensar racionalmente, e não se envolver completamente com a criança, mesmo estando envolvida e fazendo parte da vida dela. Agora quando se é mãe, tudo dói em você, você não age mais na razão e sim na emoção. Uma febre se torna uma catástrofe, enquanto como professora, umas gotinhas de um remédio resolveriam a dor da criança.

Não estou exercendo a profissão, mas faço em casa, procuro textos, atividades, estimulo de acordo com a idade dele, mas ser mãe é muito mais difícil do que ser professora.

Se você quer mudar a educação do país, comece mudando o seu pensamento. Não deixe para outro se você mesmo pode fazer.

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