Olha nós aí, outra vez. Começa um novo ano letivo e
se implanta a dinâmica de uma correria que parece não ter existido outra igual.
Alunos novos que chegam assustados e que por algum
tempo assustados ainda vão ficar, alunos antigos que voltam, para em sorriso
dizer dos caminhos que agora trilham, professores novos que buscam se enturmar
e os colegas de sempre contando aos borbotões das férias que chegaram ao fim.
Assistimos como se fosse uma primeira vez a agitação
de um início, a crença de uma retomada. Trocamos frases de esperança e abraços
de felicidades e nem mesmo chega a surpreender, meio que escondida, certa
lágrima em certos olhos. É a emoção do ano letivo novinho em folha, da volta ao
passo inicial, da esperança do recomeço e da vontade de se achar o exato ponto
de uma nova educação.
Não resta dúvida que na maior parte das vezes a
ilusão do recomeço depressa se desfaz e que após alguns dias de alunos
desmotivados e aulas estressantes, vem a certeza amarga que está tudo igual,
que as coisas se repetem como no ano que terminou e que nada mais seremos do
pouco que sempre fomos. A escola retoma no desgaste da rotina, parcos instantes
de grandeza e esperanças, engolidos pela chateação de esforço inútil, de aulas
sempre iguais, de caras novas sempre abarrotadas de velhos pensamentos.
Mas, o que fazer se as coisas são sempre assim?
Se depressa esquecemos os propósitos de se estudar
mais, de se ler muito, de se ministrar conteúdos com alma, cheiro e a cor da
vida que passa? Tal como em cansativas repetições, infinitas vezes acreditamos
que no novo ano letivo seria tudo diferente, que seríamos melhor e que por
força de nossa qualidade maior, nossos alunos mostrariam interesses crescentes,
entusiasmo inesgotável, aplauso consciente.
Mas, nada disso importa.
Não é pela circunstância de não ter funcionado desta
vez, que não deverá haver esperança de recomeço e que só porque assim pensamos
e não agimos que devemos estar proibidos de assumir novas esperanças no
semestre que vem, onde poderá se plantar de novo em nós mesmos um novo
professor, mais completo, ainda mais perfeito. Esperar o inicio de novos tempos
é sempre uma grande ilusão, mas o que importa se a ilusão na vida é tudo?
Professores que encaram um ano novo sem uma vontade de um novo olhar são
figuras perdidas em deserto sem oásis, são como marinheiros sem bússolas e nem
estrelas. São pessoas que não procuram caminhos porque se deixaram esmagar pela
certeza que na educação não existem caminhos.
Importa pouco que tantas vezes antes prometemos
mudar e tão pouco mudamos, menos importa ainda olhar com vontade e esperança um
novo ano letivo antes de percebê-lo igual a tantos outros. O que mais vale é a
mágica dessa esperança de acreditar que fazemos o tempo e que podemos com o
vento erguer uma nova arquitetura.
Sem essas âncoras de esperança não adiantaria a
agenda do futuro e de nada valeria essa doce confiança no ano letivo que vai
começar.
Autor Desconhecido